
Foto: Carlos Gibaja/ Governo do Ceará
O Ceará registrou 44 feminicídios até o dia 12 de dezembro deste ano, conforme levantamento do g1. É o maior número desde 2018, quando este tipo de crime passou a ser contabilizado nas estatísticas da Secretaria da Segurança.O número não é oficial, pois a SSPDS contabilizou até o momento os casos de janeiro a novembro, que chegam a 42 feminicídios. No entanto, uma fonte ouvida pelo g1 relatou que os feminicídios no Estado podem chegar a 50 casos até a primeira quinzena de dezembro.
A maioria dos crimes de 2025 ocorreram no primeiro semestre, quando 24 mulheres foram assassinadas no Estado no contexto de violência doméstica ou em aversão ao gênero da vítima.
Conforme os dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia (Supesp), que ainda não contabilizou os crimes de dezembro, a maioria das vítimas de feminicídio tinham entre 24 a 29 anos. Elas foram assassinadas com arma branca, seguida de arma de fogo e outros meios.
Em entrevista à TV Verde Mares, o governador Elmano de Freitas falou sobre o aumento de feminicídios no Estado.
"Em regra, quem pratica o feminicídio ou é o ex-namorado, o ex-marido, o atual marido. Portanto, nós temos aqui uma questão educacional, de cultura, que precisa ser alterada muito significativamente. [...] As situações de violência são muito graves e nós precisamos também de uma mudança de comportamento dos homens para que a gente possa, efetivamente, não ser uma sociedade que não fica indignada com violência praticada contra qualquer mulher, seja no Ceará, seja no Brasil", disse Elmano.
"Com essas, nós passamos para sete e iniciamos a construção de mais três, para ter pelo menos dez Casas da Mulher Cearense. Ajudando os municípios a ter mais viaturas para as casas municipais, para acompanhar mais lá na ponta o trabalho de prevenção e formando na Polícia Militar toda uma preparação para fazer o acompanhamento da mulher que faz algum tipo de registro", falou o governador.
Balanço de prisões
A Secretaria da Segurança informou que entre janeiro e novembro de 2025, foram realizadas 68 prisões por crimes de feminicídio, incluindo prisões em flagrante e cumprimento de mandados judiciais.
Segundo a pasta, a quantidade de presos este ano representa um aumento de 41,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 48 prisões.
Em relação à Lei Maria da Penha, que combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, foram registradas 24.436 denúncias, que resultaram em 3.580 capturas em flagrante no Ceará nos 11 primeiros meses.
Na comparação com os mesmos meses de 2024, quando houve 3.112 capturas em flagrante, o crescimento foi de 15%.
Já no que se refere às prisões e apreensões em flagrante por crimes sexuais, o aumento foi de 10,7% no acumulado de janeiro a novembro, quando foram registradas 372 capturas em flagrante, contra 336 prisões e apreensões no mesmo período do ano passado.
Os dados foram compilados pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), órgão vinculado à SSPDS.
"A pasta reforça que, por meio de suas vinculadas, realiza ações de prevenção e acolhimento às vítimas de violência doméstica", disse a Secretaria da Segurança.
No âmbito da Polícia Militar (PMCE), o Grupo de Apoio às Vítimas de Violência (GAVV), vinculado ao Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac), presta suporte contínuo às mulheres e a demais integrantes de grupos vulneráveis.
Na Polícia Civil (PCCE), a população conta com 11 Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), responsáveis por receber denúncias e investigar crimes praticados no âmbito doméstico e familiar, além de feminicídios e crimes sexuais.
No interior do estado, há DDMs nos municípios de Juazeiro do Norte, Sobral, Quixadá, Pacatuba, Caucaia, Maracanaú, Crato, Iguatu e Icó.
Equipamentos de proteção
O Ceará dispõe de mais de 60 equipamentos dedicados à proteção de mulheres em situação de violência.
Entre eles está a Casa da Mulher Brasileira (CMB), com duas sedes em Fortaleza. Já no interior, as vítimas podem contar com as Casas da Mulher Municipais, fruto de uma parceria entre o Governo do Ceará e as prefeituras, além das delegacias da Polícia Civil.
A secretária Executiva de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, Julliana Albuquerque, destaca que feminicídio é o ápice de uma série de violências que a vítima enfrenta no decorrer da relação.
"O feminicídio é a gota d'água, pois a gente entende que a violência contra essa mulher já vinha acontecendo muito antes, com a violência psicológica, a violência moral. É uma crescente que começa em algo leve e vai ficando mais grave", disse Julliana Albuquerque.
O equipamento opera em rede, concentrando em um único lugar os serviços da Delegacia de Defesa da Mulher, Defensoria Pública, Ministério Público e Juizado Especial.
"Quando a mulher procura a Casa ela vai ser recebida pela equipe do psicossocial que faz esse acolhimento, preenche um formulário nacional de avaliação de risco, será encaminhada para o registro do Boletim de Ocorrência, também já pode ser solicitada a medida protetiva de urgência. Se essa mulher tiver filhos, as crianças também são acolhidas no local", explicou a secretária executiva.
Casos de violência podem ser comunicados por meio do Disque 190, da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), que conta com atendimento especializado via Grupo de Despacho do Copac (GD-Copac). O serviço garante um atendimento diferenciado já na ligação.
Outro canal de denúncias é o número 180, da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
As denúncias podem ser feitas ainda para o número 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia ou ainda via “e-denúncia”, o site do serviço 181, por meio do endereço eletrônico.
G1/Ce




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